A bola continua rolando na Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino, que atualmente se encontra nas quartas de final, e o mesmo entusiasmo pela prática esportiva é sentido nas quadras das escolas municipais de Feira de Santana. Embora a seleção brasileira tenha sido eliminada na fase de grupos, sem oportunidade de avançar para a fase eliminatória, o acompanhamento contínuo do torneio tem inspirado algumas estudantes da Escola Municipal Doutor Clóvis Ramos Lima (Parque Ipê).
Nessa instituição de ensino, um grupo de alunas já formou um time de futebol feminino para os momentos de lazer e as aulas de educação física. Ana Kauane, Maria Júlia, Juliana e Adriele nutrem uma paixão pelo futebol e anseiam por cada oportunidade de jogar na quadra da escola.
"Eu adoro, é o esporte que mais me cativa. Aqui na escola é excelente porque podemos formar times e tudo mais. Apesar do incentivo, infelizmente, ainda há quem julgue. Acho isso um desrespeito para com as mulheres, pois cada pessoa deveria poder seguir aquilo com o qual se identifica", declarou Maria Júlia Silva de Carvalho, aluna do 7º ano, expressando o desejo de ingressar em uma escola de futebol e, eventualmente, se tornar uma jogadora profissional.
Ana Kauane, também no 7º ano, compartilha do mesmo sonho e já iniciou a trilha em direção à realização dele. Com 13 anos, ela integra dois times e participa de aulas de futebol. "Minha família não possui muitos recursos financeiros, mas consegui ingressar em uma escola de futebol e tem sido incrível. Até fui chamada para treinar com times. No início, não entendiam bem, mas este é o meu sonho e eles me apoiam", afirmou.
A história de Kauane com o futebol teve início quando ela precisou completar um time de futebol de seu irmão em um jogo no campo próximo de sua casa - e todos os jogadores eram meninos. Ela admitiu ter sentido medo de cometer erros e ficar envergonhada, mas, no final, tudo correu bem e foi encorajada a prosseguir devido ao seu talento.
"Após entrar na escola de futebol, cheguei a pensar em desistir porque um dia fui duramente criticada por errar e isso foi associado a ser menina. No entanto, minha avó me ensinou que todos erram, então continuei seguindo em frente e estou aqui, em busca do meu sonho", relatou.
Para Ana Kauane, competições como a Copa Feminina são extremamente significativas, pois ela consegue se visualizar naquele cenário. Algumas atletas servem de inspiração para ela, como Formiga, que recentemente se aposentou, e Marta, que participou de sua última Copa do Mundo. "Eu já disse até para a minha avó que um dia estaremos lá, marcando gols e dedicando-os a ela", disse entusiasmada.
O professor de Educação Física da escola, Wilker Amorim, sempre estimula a inclusão em suas aulas, a fim de que essa mentalidade inclusiva seja cultivada desde a escola. Para ele, esse é um passo crucial para desconstruir paradigmas na sociedade.
"A valorização do esporte feminino atravessa a nós, professores, assim como os setores públicos. Incentivamos, em nossas aulas, a participação e ocupação desse espaço pelas meninas, que deve ser igualmente delas, seja no dia a dia ou até mesmo no âmbito das competições internas. Além disso, abordamos não apenas a prática, mas também a teoria, discutindo eventos históricos, a evolução do esporte e outras questões relacionadas à participação feminina", enfatizou.
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