Começa com palavras ofensivas, atitudes abusivas, manipulação e controle. Aos poucos, com beliscões, empurrões e tapas surge a violência física. Muitas vezes o agressor chega a culpar a vítima pelas atitudes que, abalada, aceita a situação e perdoa na expectativa de que ele irá mudar. Assim é o ciclo de violência contra a mulher.
Em Feira de Santana, 554 mulheres que sofreram violência física e psicológica dos seus companheiros ou parentes buscaram a ajuda da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, entre janeiro e dezembro do ano passado. No mesmo período, foram dois casos envolvendo relações homoafetivas. O órgão é vinculado à Prefeitura de Feira.
A assistência é garantida através da Secretaria da Mulher e do Centro Municipal de Referência Maria Quitéria (CRMQ), que promovem o acompanhamento psicológico, jurídico, social e pedagógico. Os atendimentos são por demanda espontânea ou através de encaminhamentos.
Nos casos em que a vítima precisa sair de casa são amparadas pelo programa Acolhe, que oferece abrigo temporário em hotéis. Em situações de risco iminente de morte, é disponibilizado abrigamento pelo programa Casa Abrigo. Somente ano passado, 17 mulheres ameaçadas foram acolhidas juntamente com seus filhos menores de 18 anos.
Na avaliação da secretária da Mulher, Gerusa Sampaio, apesar de preocupante, o índice aponta para a quebra do silêncio. Um ato de coragem que pode salvar vidas.
"O número entristece, mas ao mesmo tempo mostra a credibilidade no serviço. São mulheres que confiaram na rede de proteção e saíram do ciclo da violência. Todas elas estão vivas e isso nos gratifica. Infelizmente, não foi a realidade de sete mulheres vítimas de feminicídio no ano passado. Nenhuma delas denunciou seus agressores, o que mostra que ainda temos que avançar. As mulheres que denunciam podem ressignfiicar suas vidas e terem uma chance de recomeço", observa.
Segundo a Chefe da Divisão de Promoção dos Direitos da Mulher, Josailma Ferreira, a cada dia, cerca de 135 mulheres são assassinadas no mundo por seus parceiros ou familiares. No Brasil, a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal.
"É crucial que haja mais conscientização e ações para erradicar a violência contra as mulheres e garantir que elas possam se sentir seguras e protegidas em suas vidas cotidianas. Os atendimentos são sigilosos, detalhe que garante segurança às mulheres. Não é necessário que ela denuncie o agressor para ter a assistência", explica.
Diante do cenário de violência, muitas mulheres permanecem com os agressores por não possuir renda. Por isso, a independência financeira é estimulada pela Secretaria da Mulher, que promove o acesso a cursos profissionalizantes, a exemplo de cursos de panificação, sequilhos, cabelereiro. E também voltados para o autocuidado, como curso de defesa pessoal, treinamento funcional e vivência terapêutica.
Todas as mulheres que se sentirem ameaçadas devem procurar a Secretaria da Mulher, localizada na rua Castro Alves, 364, Serraria Brasil. Ou o CRMQ na rua Barão do Rio Branco, 1723, Centro. Os órgãos municipais funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, inclusive ao meio-dia.
Foto: Jorge Magalhães
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