Assim como o ser humano, uma cidade nasce e cresce, ultrapassando diversas fases ou etapas cronologicamente distintas, até chegar à idade adulta. Processo que difere cientificamente do vivido pelo animal (ser humano). Nascer, crescer, tornar-se adulta, envelhecer, perpetuar-se ou não como urbe, pode demandar formas e tempos absolutamente distintos. Feira de Santana nasceu com natural tendência para o comércio e através dele tem escrito os capítulos da sua bela história.
Assim vale lembrar a atividade econômica feirense, nos anos 1950, 1960 e 1970 do século passado, fase extremamente evolutiva da Princesa. A compra e venda de mercadorias em Feira de Santana - a grande abastecedora do sertão baiano -, marcou época com o surgimento e consolidação de importantes estabelecimentos como a loja das Casas Pernambucanas, impressionante até mesmo pelo seu aspecto físico.
Localizada na praça da Bandeira, confluência com a rua Marechal Deodoro, a loja Pernambucanas ocupava uma área muito grande com as suas 14 portas e 25 empregados. "Quatorze bocas de canhão atirando contra a carestia" era a propaganda da loja, correspondente à realidade. Outra grande loja era a Casa das Louças, no local depois ocupado pela Casa das Lâmpadas. Hermógenes Santana, proprietário da loja, instalou um serviço de alto-falantes que teria sido o primeiro da cidade. Hermógenes tinha dois outros irmãos empresários: Álvaro e Elisiário Santana.
O armazém Marinho Santos tinha gêneros diversificados e pertencia ao comerciante João Marinho, ficava na rua Conselheiro Franco e foi destruído pelo fogo. Ao lado da Igreja Senhor dos Passos estava a Casa OK, de Álvaro Ruben, com rádios, radiolas, relógios e equipamentos. Bem próximo funcionava a Farmácia Campos, de Claudemiro Campos Suzarte. Voltando à Praça da Bandeira, ali ficava o Café São Paulo, frequentado pelos abastados fazendeiros e comerciantes.
Feira de Santana era referência nacional no comércio de gado, tanto que era anunciado nos jornais e rádios do sudeste do país e para todas as regiões, o preço da arroba de boi com base em Feira de Santana e mais três cidades de outros estados que lideravam essa atividade. No Café São Paulo era cotada a arroba do boi!.
Na rua Sales Barbosa imperava o comércio de tecidos. Venda de roupas prontas quase não existia. Ali estavam A Violeta, Casa Sarkis, Loja Ideal, A Seda Moderna, Armarinho, Tapajós, Loja Princesa. Na esquina da Sales Barbosa o bar “Meu Cantinho”. Ainda na rua Sales Barbosa a Padaria da Fé, até hoje lembrada pela massa incomparável. Os pães, biscoitos, roscas e queijadas mobilizavam clientes de todas as partes da cidade, mesmo de locais que contavam com padarias. O comerciante Jorge Mascarenhas, extremamente agradável, elegeu-se vereador, mas preferiu não seguir carreira política.
Na época fora do centro comercial, onde hoje está o Limão Drinks, havia o Armazém Leão do Norte, um grande estabelecimento, de dona Rosita, também proprietária da chácara onde foi construído o prédio que serve à Prefeitura Municipal com frente para a avenida Sampaio. Foi ali que surgiu a famosa Jurubeba Leão do Norte. Imperatriz, Lápis de Ouro, A Cristaleira, Marrocos, A Cearense, farmácias Barbosa, Agrário São Luiz, Alfaiataria Armado, Teles e Bastos ferragem.
Sorveteria Íris, Sapataria Costa, Dislar, Loja Pires, Universal Móveis, Café Pinto, Moinho Tabajara, Livraria Mirim, Abrigo Santana (já não existente), Abrigo Predileto e muitos outros estabelecimentos contribuíram para o agigantamento da cidade, sem esquecer a Sadel, pertencente à José da Costa Falcão, que chegou a ser a mais importante loja de eletrodomésticos da Bahia!.
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.
Por: Zadir Marques Porto
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