A campanha política aquece o trabalho nas empresas gráficas da cidade, como sempre acontece nesse período, e um dos pontos que chamam a atenção é a procura, por parte de algumas empresas, de profissionais que trabalhem com máquina de corte e vinco, que são próprias para o corte delineado de rostos, corações, objetos e outras figuras usadas em cartazes e propaganda política de um modo geral. É o que relata Fernando Campos Nunes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas e Segmentos de Feira de Santana (Sitigraf).
Ele observa que o baixo salário não estimula quem pretende começar na profissão, mas a atividade é indispensável e, em determinados momentos, como agora, época de campanha política, a demanda cresce significativamente. Quanto à procura por profissionais especializados em máquinas de corte e vinco, o presidente do Sitigraf diz que são poucos os que trabalham com essa máquina: “Se ela não tiver um dispositivo necessário, torna-se perigosa, podendo decepar a mão do operador. Por isso, são poucos os que se interessam em trabalhar com a máquina de corte e vinco”.
Mas, fora isso, o trabalho do gráfico hoje é bem mais prático e leve em relação à época do tipo e da máquina de linotipo, reconhece. “Hoje, com o offset e o computador, é outra coisa. No tempo da linotipia, trabalhávamos com as pesadas chapas de chumbo”, explica. Conforme Fernando Campos, Feira de Santana deve contar com cerca de 180 empresas gráficas ou até mais, atuando em vários segmentos, mas muitas não se aproximam do órgão sindical e, ultimamente, “algumas adotam uma espécie de parceria com os trabalhadores, prejudicando os profissionais e o fortalecimento do sindicato”.
Esse panorama, diz ele, dificulta ter com exatidão o número de empresas e de trabalhadores, majoritariamente do sexo masculino, mas “já há uma boa presença feminina nessa atividade”, cita. Destaca que a mais antiga das empresas existentes é a Gráfica da Feira, fundada por Pedro Mascarenhas, hoje dirigida pelo filho Hildebrando Mascarenhas e sediada na Avenida Noide Cerqueira. Desde 1969 na profissão, Fernando Campos ressalta o compromisso que o profissional da área encara no seu dia a dia. “Não pude acompanhar o nascimento das minhas filhas Cátia Marisa e Greice. Estava trabalhando em ambas as oportunidades e não houve como a empresa me liberar”.
A convenção coletiva de trabalho da categoria é feita tendo como data-base o dia 1º de maio. Para o iniciante, é pago salário mínimo. Para outras funções, como escritório, encadernador, impressor e arte-finalista, o piso salarial é de R$ 1.507,64, mas há variações para cima e um profissional experiente pode chegar a R$ 5 mil ou mais, revela o dirigente do Sitigraf.
Natural de Pacatu, hoje Santa Bárbara, Fernando começou aos 16 anos na extinta Gráfica Subaé, depois esteve na Gráfica Bahia, Gráfica Reis em Salvador e no Jornal Folha do Norte. Já na segunda gestão à frente do Sitigraf, ele explica que o Dia do Gráfico é 7 de fevereiro, mas a comemoração mais forte, anualmente, é no dia 21 de novembro na sede própria, quando é festejada a data de inauguração desse patrimônio, na Rua Coronel Macário Ataíde, Jardim Europa, que conta com setor administrativo, campo de futebol e quiosque. “São 16 anos dessa grande conquista”, enfatiza.
Por: Zadir Marques Porto
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