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Futebol Feminino - Flamengo de Feira já teve cinco na seleção brasileira

Tricampeão baiano, o Flamengo de Feira conquistou outros títulos importantes e chegou a ter cinco atletas na seleção brasileira; uma delas, a canhota Sissi, que foi a melhor do país

29/10/2024 às 08h58
Por: Redação
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Fotos: Arquivo/Michelinho
Fotos: Arquivo/Michelinho

Uma luta antiga, talvez sem o registro merecido, mas o futebol feminino - hoje em alta - há mais de um século vem buscando o reconhecimento como um esporte igual a tantos outros que lhe precederam. Chegou mesmo a ter sua prática proibida no país. A máxima de que “futebol é para homem” impediu o acesso de mulheres a essa atividade. Aqui em Feira, antes mesmo das tentativas do radialista Joel Magno, já falecido, a partir da década de 1960, outras tentativas haviam ocorrido sem sucesso. Na verdade, tempos atrás, nenhum pai e nenhuma mãe queria ver sua filhinha chutando uma bola. Isso era coisa de menino. Menina brinca é com boneca, dizia-se!

O tempo foi passando e, na década de 1970, o radiotécnico Edmilson Amorim, o popular “Michelinho”, vindo de Muritiba e já dirigente do tradicional Flamengo de Feira, resolveu mudar o panorama comum, criando o Flamengo feminino. Só não sabia que iria se notabilizar, tornando-se cidadão feirense, integrante dos quadros da Federação Baiana de Futebol e, mais importante ainda, ter o melhor time do Nordeste, contribuindo com cinco atletas para a seleção brasileira.

E foi assim! Em 1978, no bairro Rua Nova, ao lado do padeiro Expedito Martins, que trabalhava na extinta Padaria da Fé, Michelinho começou a observar umas garotas que gostavam de brincar com bola. Pouco tempo depois, no campo de areia Beira Riacho (hoje um pequeno estádio), havia um bom número de garotas treinando com a camiseta rubro-negra. E veio o primeiro desafio: enfrentar o Baiano de Tênis, que já tinha um time respeitado no estádio da Fonte Nova, em Salvador.

Em um jogo noturno, as meninas, algumas ainda “apiadas” devido às chuteiras novas, estranharam o gramado e a iluminação, resultando em 6 x 1 para o time da capital. O Flamengo de Feira jogou com: Rosângela, Ivonete, Lúcia, Marília, Neuma, Lucinha, Vilma, Ninha, Pitéu, Rose e Rosinha. Poucos dias depois, houve revanche no Joia da Princesa e o rubro-negro, melhor preparado, venceu por 2 x 1. Daí em diante, o Flamengo escreveria uma história de conquistas e glórias não alcançada por outra equipe baiana. Veio a Iª Copa de Futebol Feminino com 18 equipes da capital e interior.

Nos jogos semifinais: Baiano de Tênis 4 x 0 Ypiranga e Flamengo 2 x 0 Panteras de Ipiaú. Nos jogos finais, Baiano de Tênis 1 x 1 Flamengo, com 6 mil torcedores no Joia da Princesa. Depois, na Fonte Nova, Flamengo 2 x 1 Baiano de Tênis, com 14 mil torcedores, mas valeu o maior saldo de gols do clube de Salvador. O certame foi realizado pela TV Itapoã, e a renda distribuída pela senhora Irene Irujo, esposa do dono da emissora, Pedro Irujo, entre as duas equipes e as Voluntárias Sociais.

Em 1984, o Flamengo venceu o Campeonato Norte/Nordeste, obtendo a histórica Taça Irmã Dulce e ficou em terceiro lugar na Taça São Paulo, disputada na capital paulista, por times de vários estados. Em 1998, o rubro-negro foi campeão baiano invicto com: Gil, Mary, Net, Lucinha, Raélia, Bia, Rosângela, Maira, Joyce, Jane e Márcia. Já em 2018, as atividades do rubro-negro da Rua Nova foram encerradas.

“Foram 40 anos gastando e me desgastando, mas foi muito bom. Aí veio a profissionalização e não havia como eu manter uma estrutura desse nível”, garante Michelinho, não escondendo a saudade. “Era um grupo de jovens guerreiras que treinavam com vontade, viajavam, eram obedientes e não tinham negócio de dinheiro. Hoje, tudo é diferente”.

Lembra também que o Flamengo teve cinco jogadoras na seleção brasileira: Solange, Nalvinha, Dai, Márcia e Sissi, esta tecnicamente considerada a melhor jogadora do país. “Marta é uma jogadora muito boa, hoje é a melhor de todas, mas Sissi era muito melhor tecnicamente”, garante Michelinho.

Sissi foi descoberta por jogadores do time masculino do Flamengo em Campo Formoso, veio para o rubro-negro aos 17 anos, com consentimento dos pais ao dirigente do rubro-negro feirense. Ela encerrou a carreira nos Estados Unidos, onde reside e trabalha como professora de Educação Física. É cidadã norte-americana. Michelinho observa que o futebol feminino brasileiro ainda não é o melhor do mundo, mas tem no presidente da CBF um apoio muito grande. “Edinaldo Rodrigues é o maior incentivador desse esporte no Brasil. Com ele, o futebol feminino vai crescer muito mais. Ele fará muito pelo futebol feminino!”, garante.

Por: Zadir Marques Porto

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