Estaria o mundo (o nosso planeta) ficando árido, sem sentimentos, sem amor? Os poetas, cantadores das emoções nas linhas de suas escritas, desapareceram? São perguntas que, talvez, para o grande público, não tenham o menor significado, a menor importância, mas há sempre “alguém na multidão”, como diz uma canção da Jovem Guarda, que ainda se preocupe com a poesia e os poetas.
Nesta cidade, esse relevante papel tem como protagonista a professora Cintia Portugal de Almeida, graduada em Letras com Francês pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e autora do interessante livro Caminhando pela Cidade, que é um verdadeiro diagnóstico íntimo da Cidade Princesa. Essa obra, de real importância pelo seu conteúdo e pela forma como é apresentada pela autora, merece ser profundamente conhecida pelo feirense.
É também de Cintia Portugal outro trabalho em andamento que merece aplausos e apoio dos que gostam da cidade, mesmo que não tenham o mesmo sentimento pela poesia: a exaltação ao poeta feirense Francisco Sales Barbosa, cujo nome muitos conhecem como patrono de uma das mais importantes vias do comércio local. Todavia, pouquíssimos sabem quem foi ele ou o que fez na vida.
Para os que não conhecem o Museu a Céu Aberto, é fundamental dizer que, a partir da ideia, mesmo sem o apoio necessário, Cintia Portugal iniciou o revestimento dos bancos e, com o advento da ajuda oferecida pela Oficina de Mosaico, restam poucos bancos para a conclusão do projeto. Em cada banco, artisticamente trabalhado com mosaicos coloridos, são inseridos versos do romântico Sales Barbosa, que foi, igualmente, um tenaz defensor da abolição da escravatura, o que ele explicitava insistentemente em seu trabalho de respeitado jornalista e advogado.
Na execução do revestimento dos bancos da Rua Sales Barbosa, é notória a participação direta dos integrantes da Oficina de Mosaico do CUCA: Edimezia, Elizabete Barbosa, Conceição Lima, Edinilsa Alexandre, Lucélia Santos, Gabriele Alexandre e Marcos (Badega). Esse trabalho, que deverá ter prosseguimento em breve, é bancado pelos membros da Oficina, que, além da atuação artesanal na consecução da obra, disponibilizam numerário próprio para a aquisição do material necessário.
“A poesia não morreu; ela está viva e bem viva. Ela está aqui, no Museu a Céu Aberto Sales Barbosa, e está em todo lugar. É só senti-la”. Está certa a professora e escritora Cintia Portugal de Almeida, que, movida pelo sentimento natural da poetisa que é, encontrou uma maneira pouco ortodoxa, mas de indiscutível valor, de homenagear um conterrâneo que repousa na história da Cidade Princesa com inegáveis qualidades.
Por Zadir Marques Porto
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