A finalidade para a qual surgiu não mais existe e, por isso mesmo, está sob outra direção, que nada tem de comum com a anterior. No entanto, a Casa dos Ex-Combatentes do Brasil, nesta cidade, foi uma referência importante da efetiva e brilhante participação do país, através da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na II Guerra Mundial. Essa obra, localizada em uma praça que também ganhou nome similar, foi uma ideia do capitão Arlindo Barbosa da Silva, pernambucano de nascimento, mas com raízes plantadas em Feira de Santana, o seu segundo berço, como ele dizia.
Chegado à cidade princesa na década de 1950 para atuar no Tiro de Guerra (TG 17), que tinha sede na Rua Juvêncio Erudilho - Praça 2 de Julho, ainda jovem, como sargento, depois de uma efetiva participação em renhidos combates nos campos da Itália, contribuindo para a retumbante vitória das Forças Aliadas contra o nazi-fascismo, Arlindo Barbosa tornou-se professor de Educação Física de colégios locais, com uma admirável liderança sobre um expressivo quantitativo de jovens que o respeitavam e admiravam.
E graças a ele, em 1966, já com a divisa de capitão, surgia a Casa dos Ex-Combatentes em Feira de Santana, abrigada de forma provisória na sede ou quartel do TG-17. Mas, além de idealista, um homem de ação, o capitão Arlindo Barbosa lançou-se na luta em prol da implantação de um espaço próprio onde os heróis brasileiros remanescentes das terríveis e sangrentas batalhas nos campos da Europa pudessem ser recebidos e hospedados dignamente, até porque a maioria deles não desfrutava de boas condições financeiras. Enquanto a associação ainda não contava com um imóvel próprio, passou a funcionar no prédio do INPS, na Praça Bernardino Bahia.
Mantendo imutável a ideia de dar aos ex-combatentes um local digno para reuniões e hospedagem, quando em trânsito pela região, o capitão Arlindo fez inúmeras gestões com políticos, comerciantes e amigos. O primeiro grande passo foi a conquista da área para implantar a sede da associação, doada pela Prefeitura Municipal, com empenho direto do prefeito João Durval Carneiro, que foi constituído como o título de primeiro sócio benemérito. Assim, foi possível ocorrer, no dia 6 de setembro de 1969, o lançamento da pedra fundamental do futuro prédio, que foi pacientemente erguido devido à exiguidade de recursos disponibilizados pela entidade, sempre apoiada em contribuições, com o projeto arquitetônico elaborado pelos jovens profissionais José Monteiro Filho e Juracy Dórea.
Quase quatro anos depois, no dia 5 de maio de 1973, os heróis brasileiros das batalhas da II Guerra Mundial puderam, então, comemorar outra vitória: a inauguração da sede própria da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil - Seção Feira de Santana, que contava com cerca de 60 membros. Durante muitos anos, a sede da associação serviu para reuniões, solenidades e outros eventos, bem como pousada para alguns ex-combatentes em trânsito na região ou no estado, uma vez que não existia outra similar na Bahia. Com o passar do tempo, os combatentes, já com a idade avançada, foram falecendo, inclusive o capitão Arlindo Barbosa, que então morava em Salvador, ficando o prédio sem utilidade e, desse modo, passou a ser ocupado como um organismo da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), com a incumbência de ali instalar o Memorial dos Ex-Combatentes do Brasil em Feira de Santana.
Além do capitão Arlindo Barbosa, que foi o fundador da instituição e o seu primeiro presidente no período de 1966/1997, também ocuparam o cargo: Renato Souza Mota (1997/2005), Francisco Gomes (2005/2010), Astério Amâncio Santos (2010/2011) e, a partir de 2011, Antônio Moreira Ferreira, que foi o último gestor.
Também tiveram importante participação no processo de criação e implantação da entidade os ex-combatentes Alcebíades Oliveira Teixeira, Aderlindo Tavares, Américo de Araújo, José Maria Alves dos Santos, Pedro Alves de Oliveira Filho, Agnaldo Marques de Araújo, Filemon Ferreira da Cruz e Adauto Bezerra Coutinho, que formaram a primeira diretoria, ao lado do piloto e ex-combatente francês André Sylvain Vergnes.
Por Zadir Marques Porto
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