Feira de Santana - Cidade rica na artes plásticas

Talvez a importância que se tem dado às artes plásticas em Feira de Santana não corresponda à importância que elas têm para a sociedade. Mas isso não significa que faltam valores representativos, pelo contrário. E é fácil constatar. São muitos e expressivos!
           
Uma coisa que ninguém pode reclamar  é a fertilidade de Feira de Santana em relação  a bons valores na arte pictórica.  Natos  ou aqui chegados, a cidade sempre respirou  a plasticidade de artistas que encantaram e encantam com as suas expressões gravadas nas telas.  Alguns conseguem projeção outros  não, o que depende de vários fatores, nem sempre apenas  relacionados com o produto exposto, mas o propósito aqui não é discutir nem avaliar capacidade ou qualidade, o que apenas  deve ser feito por experts no assunto.
             
O objetivo mor é ressaltar nomes que fazem parte desse cenário de tintas, pincéis, espátula, telas, grafite, nanquim e tudo mais do âmago dessa arte. Assim sem buscar cronologia, ordem alfabética ou estilo, vale lembrar Raimundo Oliveira (Raimundo Falcão de Oliveira), considerado o mais importante dos pintores feirenses, por isso mesmo  homenageado como patrono do Museu de Arte Contemporânea. Ele já  não está fisicamente entre nós, mas deixou um valioso acervo que continua vivo em várias partes do país e aqui mesmo valiosamente cuidado por colecionadores.
           

Carlo Barbosa (Antônio Carlos de Oliveira Barbosa) é outro nome que representa bem Feira de Santana no cenário da pintura. Muito jovem ele deixou a cidade e no Rio de Janeiro ganhou projeção tornando-se um nome de prestigio nacional, retornando à sua terra, aqui falecendo. Sua irmã Lucy Barbosa, amorosa admiradora de sua arte, fundou uma instituição para preservar tudo que havia guardado dele e peças que estavam sendo  resgatadas, mas faleceu e não pode concluir o tão desejado projeto. No Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) há uma galeria reservada a esse artista.
         
Radicado na capital baiana o psiquiatra Cesar Romero é outra grande expressão artística da Terra de Maria Quitéria, com um trabalho centrado no simbolismo das festas de largo, feiras-livres e outros eventos populares através das denominadas faixas emblemáticas que já lhe garantiram  participação vitoriosa  em vários salões  internacionais  e premiações. Seu estilo o identifica com facilidade.
         
Adotando um estilo mais regional, retratando com fidelidade o cenário semiárido  do qual Feira de Santana, embora hoje quase não perceba, está inserida, o arquiteto Juracy Dórea é outro que com o seu talento tem elevado o nome do município, em mostras como a Bienal Internacional de São Paulo - 1987, na Itália em 1988 e na França 1998. Uma expressiva escultura de Juracy Dórea pode ser vista na Praça J.J. Pedreira, próxima ao Paço Municipal. Juracy também é  escritor e poeta.
         

Presente com a escultura simbólica  de um caminhão, na Praça Jackson do Amaury, homenagem oficial do município ao caminhoneiro -  condutor do progresso do país -, o soteropolitano com raízes feirenses,   Gil Mario de 0liveira Menezes é outro intrinsicamente ligado as artes na cidade princesa. É membro da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana e um dos fundadores da Galeria de Arte Carlo Barbosa no CUCA. Mas assim como o ar, o céu, o Sol, enfim tudo que é da natureza não tem limites territoriais, seria impossível não incluir o nome do argentino Charles Albert que aqui chegou como cantor de um conjunto mexicano, tornando-se feirense de coração, com uma magnifica contribuição.
     
Tapeceiro, decorador, ornamentador, desenhista, além de confeccionador de fantasias de luxo premiadas aqui e no Rio de Janeiro, Charles também era excelente pintor com expressivas criações no óleo sobre tela, pastel e bico de pena. Nailson Chaves, Herivelton Figueiredo, Jorge Galeano, Joaquim Franco,  Glarkas, Manuel  Dessa,  Celia Pires, José Carlos Carvalho, Marcos Morais, Pedro Roberto, Regina Santos Costa, Bena Loiola, Pilar Costa de Santana, Carlos Silva, Jocival Souza, Graça Ramos, Leonice Barbosa, J. Sobrinho, Maristela Ribeiro, André Navarro, Carlos Pedreira-Caboclo e Pedrone (alguns já  não estão entre nós),  são outros nomes de enorme importância no relevo artístico da cidade princesa do sertão que merecem respeito e  reconhecimento.

Por Zadir Marques Porto