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Ginásio Péricles Valadares - o dínamo do Feira Tênis Clube

Na década de 1960, o Feira Tênis Clube despontava como o grande ponto de encontro da sociedade feirense; no entanto, faltava algo para os mais jovens e esse espaço logo foi suprido graças à visão do comerciante Péricles Valadares

Redação
Por: Redação
04/12/2024 às 10h50
Ginásio Péricles Valadares - o dínamo do Feira Tênis Clube
Foto: Antônio Magalhães

Integrante da estrutura original do antigo Feira Tênis Clube (FTC), totalmente restaurado e pintado, como todas as demais dependências do antigo ´Aristocrático´, hoje transformado no Centro Integrado de Educação Inclusiva Colbert Martins da Silva, que se constitui em um ponto altamente positivo para a educação no município e para a cidade de Feira de Santana, o Ginásio de Esportes Péricles Valadares constitui-se em um capítulo especial e largamente interessante da história do extinto clube social e, na verdade, de forma direta, da sociedade local.

Fundado em 8 de dezembro de 1944, sob a gestão do prefeito coronel Eduardo Fróes da Motta, o Feira Tênis Clube sempre ocupou posição de destaque entre as agremiações sociais da Bahia e, no município, congregava a sociedade em bailes, reuniões sociais e festas como a Micareta, atraindo a presença de autoridades e pessoas de destaque da comunidade, tanto que passou a ostentar o título de aristocrático. Mas seus associados e frequentadores queriam mais, diante do processo evolutivo que a cidade apresentava.

Dentro desse cenário, havia a presença de muitos jovens que viviam com plenitude as programações sociais, mas sentiam a inexistência de uma área de esportes condizente, compatível com a aura do azulino e dos associados. No início da década de 1960, o diretor Péricles Valadares, conceituado comerciante estabelecido na avenida Senhor dos Passos com a Vidraçaria Princesa, com forte participação diretiva na agremiação social, expôs sua ideia: a construção de um ginásio de esportes.

 

Hoje aposentado, após 50 anos de trabalho na Casa das Lâmpadas, e na época secretário do clube, Aloísio Morais Albuquerque lembra bem como tudo aconteceu. 

“Nosso local de reuniões fora do clube, de conversa informal, era o Bar RN, localizado bem em frente ao FTC, onde hoje funciona uma farmácia. Estávamos lá quando Péricles lançou a ideia. Da conversa participava Benedito Oliveira, que tinha uma serralheria nas imediações do Fórum. Ali ainda era uma área cheia de mato, e ele, de imediato, apoiou a ideia, comprometendo-se a produzir toda a estrutura de ferro”, lembra.

O trabalho foi iniciado, mas caminhou com certa dificuldade, relata Aloísio Morais, devido à falta de recursos. O FTC não tinha dinheiro em caixa, então os idealizadores recorriam à realização de festas e iam a comerciantes e amigos para a obtenção de numerário. Assim, o trabalho estava em andamento, e o engenheiro José Joaquim Lopes de Brito - mais conhecido como JJ Lopes de Brito - que era secretário municipal de Viação e Obras Públicas, sempre que encontrava algum diretor do FTC, perguntava pelo projeto do ginásio de esportes, e a resposta era a mesma: “vamos trazer”, o que nunca aconteceu, lembra. “Até hoje, o ginásio, construído sem um projeto arquitetônico oficial, está aí, e jamais apresentou qualquer problema”, diz Aloísio.

Ele também destaca que foi graças à construção do ginásio de esportes que foi possível criar os Jogos Abertos do Interior (JAIs) - o maior evento do gênero realizado na Bahia -, com início em 1964, tendo a participação de vários municípios e a vitória de Feira de Santana no primeiro certame, e diversas vezes depois. Ali também foram realizados campeonatos de futsal, vôlei e basquete, travados combates de boxe e luta livre, além de diversos eventos e muitos shows musicais.

“A primeira vez que Roberto Carlos esteve em Feira de Santana, ainda muito jovem, ele se apresentou no ginásio de esportes. Estava só, cantando e tocando violão. Eu estava bem próximo, e ele, educadamente, perguntou se eu queria que ele cantasse alguma música. Eu pedi: Cante La Bamba, que era um sucesso na época. Ele disse que não podia, porque não fazia parte do seu repertório”, lembra Aloísio Morais Albuquerque, citando, por fim, que tempos depois quiseram retirar o nome do comerciante Péricles Valadares do ginásio que ele construiu, “o que seria uma injustiça, mas felizmente isso não aconteceu”.

Por Zadir Marques Porto

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