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Homenagem aos 40 anos do Pomba de Malê marca abertura oficial da Micareta de Feira 2025

O grupo é uma das mais poderosas expressões da resistência negra em Feira de Santana

Redação
Por: Redação
01/05/2025 às 09h28
Homenagem aos 40 anos do Pomba de Malê marca abertura oficial da Micareta de Feira 2025
Foto: Divulgação SECOM

Em meio aos batuques sagrados, cantos ancestrais e uma memória que pulsa viva nas ruas, a Micareta de Feira 2025 celebra um marco histórico: os 40 anos do Pomba de Malê, uma das mais poderosas expressões da resistência negra em Feira de Santana.

A abertura oficial da Micareta de Feira 2025 acontece nesta quinta-feira, 1º de maio, às 14h, no Pranchão, entre o cruzamento da avenida Presidente Dutra com a Maria Quitéria. A cerimônia será marcada pela coroação das majestades da festa e uma homenagem ao Pomba de Malê, reconhecendo sua história como um dos pilares culturais da cidade.

Nascido no coração da Rua Nova, em plena ditadura militar, quando o movimento negro era silenciado, o Pomba de Malê surgiu como um grito de liberdade. Mais do que um bloco, ele é símbolo de luta, fé, identidade e transformação social.

O nome carrega um duplo tributo: “Malê”, em reverência à Revolta dos Malês, um dos maiores levantes negros da história do Brasil, e “Pomba”, homenagem à generosa Dona Ernestina Carneiro, carinhosamente chamada Dona Pomba, que doou 80% de seu terreno à comunidade. Um gesto de amor ao povo que se tornou o alicerce de uma revolução cultural.

“A gente começou esse movimento na surdina, porque naquela época, com o militarismo forte, não era permitido se organizar enquanto povo preto. Mas a gente resistiu. O Pomba de Malê não é só cultura, é transformação real”, relembra Nilton Rasta, um dos fundadores e guardião do legado.

De matriz Ijexá, o Pomba traz nos seus toques e coreografias a espiritualidade afro-brasileira. Mas vai muito além da música: é uma escola de formação cidadã. Ao longo de quatro décadas, a entidade ajudou a forjar artistas, pensadores e líderes comunitários, como Dionorina, Beto Maravilha e o eterno Jorge de Angélica, vozes que ecoaram a força da Bahia Negra pelo Brasil e pelo mundo.

Para o secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, a homenagem durante a Micareta é mais que merecida, é uma dívida histórica.

“O Pomba de Malê representa a raiz da resistência cultural de Feira de Santana. São 40 anos de um trabalho que construiu autoestima, memória e futuro para uma comunidade inteira. A homenagem é um reconhecimento oficial, mas também é um gesto de reparação”, afirma.

Foto: Divulgação SECOM

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